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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Intensos



... Contudo,

eu ainda assim
te digo que toda essa
batalha que travamos,
e até a paixão com que
defendemos nossos motivos

e orgulhos,

servem como medida
da intensidade do desejo.

Se ouvíssemos mais
o coração que os nossos egos
sofreríamos menos.

A minha esperança é como a Fênix

Renasce das cinzas


By FelinaNaLua ®








quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Tempo Parado




Uma luz pálida...

Sobre o leito

Coberta de saudade...

Como lua na noite escondida

Entre nuvens e lembranças...

Não consigo dormir

Desejo seus lábios
de poeta...

Seu ombro
amigo

Depois de tanto rolar...

Adormeci

Sonhei
com um belo anjo...

Que no silêncio
da noite

Me acolhia...

Na escuridão
da noite fria

Me aquecia...

Sorrindo

ACORDEI...

Fumei um cigarro
pavoroso
vaporoso

Solitária na noite...

Ouvi o grito
da minha pequena alma
vazia

Queria mesmo
era ouvir aquela serenata
Prometida ...

Resolvi então...

Beber o vinho da ilusão

Minha embriagues se dissipava...

No amanhecer

No novo dia...

Mas um dia

Sem você...

O sol chegou

Fechei as cortinas...

O vinho envenenado

Me fez delirar

Sonhei ...

Que a minha vida se tornará
Páginas de um livro inacabado...

Com frio e coberta
em lágrimas...

Atormentada ...
Sem você

Derrame sobre mim
a gota da vida

Eu volto a viver...

Ressuscite minha alegria

Meu prazer

Minha visão real...

Me abrace como mortal

Como anjo carnal...

E por ti volto a morrer

Não sobrevivo na solidão da terra...

Minha alma vazia

Em uma dor mortal...

Concentra forças

Declarara guerra...

Minha miseravel existência

Vivo no limite da loucura...

Sem sonhos...

Sem anjos...

Sem amor...

Desejo somente a morte

Reapareça
doce ilusão...



Carla Fabiane

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Florbela ... Minha preferida




Florbela Espanca, batizada com o nome Flor Bela de Alma da Conceição, foi uma poetisa portuguesa.
 A sua vida de trinta e seis anos foi tumultuosa, inquieta e cheia de sofrimentos íntimos que a autora soube transformar em poesia da mais alta qualidade, carregada de erotização e feminilidade.
Filha de Antónia da Conceição Lobo e do republicano João Maria Espanca nasceu no dia 8 de Dezembro de 1894 em Vila Viçosa, no Alentejo.
Autora de poemas, artigos na imprensa, traduções, epístolas e um diário, Florbela Espanca antes de tudo foi poetisa. É à sua poesia, quase sempre em forma de soneto, que ela deve a fama e o reconhecimento. A temática abordada é principalmente amorosa. O que preocupa mais a autora é o amor e os ingredientes que romanticamente lhe são inerentes: solidão, tristeza, saudade, sedução, desejo e morte. A sua obra abrange também poemas de sentido patriótico, inclusive alguns em que é visível o seu patriotismo local: o soneto “No meu Alentejo” é uma glorificação da terra natal da autora.








Florbela Espanca

Sei lá! Sei lá! Eu sei lá bem 
Quem sou? um fogo-fátuo, uma miragem... 
Sou um reflexo...um canto de paisagem 
Ou apenas cenário! Um vaivém 


Como a sorte: hoje aqui, depois além! 

Sei lá quem sou?Sei lá! Sou a roupagem 

De um doido que partiu numa romagem 

E nunca mais voltou! Eu sei lá quem!... 



Sou um verme que um dia quis ser astro... 
Uma estátua truncada de alabastro... 
Uma chaga sangrenta do Senhor... 



Sei lá quem sou?! Sei lá! Cumprindo os fados, 
Num mundo de maldades e pecados, 
Sou mais um mau, sou mais um pecador...





Supremo Enleio


Quanta mulher no teu passado, quanta! 
Tanta sombra em redor! Mas que me importa?
Se delas veio o sonho que conforta,
A sua vinda foi três vezes santa!


Erva do chão que a mão de Deus levanta,
Folhas murchas de rojo à tua porta…
Quando eu for uma pobre coisa morta,
Quanta mulher ainda! Quanta! Quanta!


Mas eu sou a manhã: apago estrelas!
Hás de ver-me, beijar-me em todas elas,
Mesmo na boca da que for mais linda!


E quando a derradeira, enfim, vier,
Nesse corpo vibrante de mulher
Será o meu que hás de encontrar ainda…
...................................................................
(Florbela Espanca - Charneca Em Flor)











Cantigas leva-as ao vento


A lembrança dos teus beijos
Inda na minh´alma existe,
Como um perfume perdido.
Nas folhas dum livro triste.


Perfume tão esquisito
E de tal suavidade,
Que mesmo desapar´cido
Revive numa saudade!
......................................................................................
(Florbela Espanca - Trocando olhares - 01/01/1916)









Doce Certeza


Por essa vida fora hás-de adorar 
Lindas mulheres, talvez; em ânsia louca, 
Em infinito anseio hás de beijar 
Estrelas d´ouro fulgindo em muita boca!


Hás de guardar em cofre perfumado 
Cabelos d´ouro e risos de mulher, 
Muito beijo d´amor apaixonado; 
E não te lembrarás de mim sequer…


Hás de tecer uns sonhos delicados… 
Hão de por muitos olhos magoados, 
Os teus olhos de luz andar imersos!…


Mas nunca encontrarás p´la vida fora, 
Amor assim como este amor que chora 
Neste beijo d´amor que são meus versos!…
......................................................................................
(Florbela Espanca - Trocando olhares - 06/06/1916)








Súplica (II)


Olha pra mim, amor, olha pra mim;
Meus olhos andam doidos por te olhar!
Cega-me com o brilho de teus olhos
Que cega ando eu há muito por te amar.


O meu colo é arrninho imaculado
Duma brancura casta que entontece;
Tua linda cabeça loira e bela
Deita em meu colo, deita e adormece!


Tenho um manto real de negras trevas
Feito de fios brilhantes d`astros belos
Pisa o manto real de negras trevas
Faz alcatifa, oh faz, de meus cabelos!


Os meus braços são brancos como o linho
Quando os cerro de leve, docemente…
Oh! Deixa-me prender-te e enlear-te
Nessa cadeia assim etemamente! …


Vem para mim,amor…Ai não desprezes
A minha adoração de escrava louca!
Só te peço que deixes exalar
Meu último suspiro na tua boca!…
................................................................
(Florbela Espanca - Trocando olhares)







Confissão


Aborreço-te muito. Em ti há qualquer cousa
De frio e de gelado, de pérfido e cruel,
Como um orvalho frio no tampo duma lousa,
Como em doirada taça algum amargo fel.


Odeio-te também. O teu olhar ideal
O teu perfil suave, a tua boca linda,
São belas expressões de todo o humano mal
Que inunda o mar e o céu e toda a terra infinda.


Desprezo-te também. Quando te ris e falas,
Eu fico-me a pensar no mal que tu calas
Dizendo que me queres em íntimo fervor!


Odeio-te e desprezo-te. Aqui toda a minh’alma
Confessa-to a rir, muito serena e calma!
……………………………………………………..
Ah, como eu te adoro, como eu te quero, amor!…
......................................................................................
(Florbela Espanca - Trocando olhares - 03/07/1916)








domingo, 10 de outubro de 2010

Gatos







Bichos polémicos sem o querer, porque sábios, mas inquietantes, talvez por isso...
Nada é mais incomodo que o silencioso bastar-se dos gatos.
 O só pedir a quem amam. O só amar a quem os merece.

O homem quer o bicho submisso, 
cheio de súplica, temor, reverência, obediência. O gato não satisfaz as necessidades doentias do amor. 
Só as saudáveis. É muitas vezes apelidado de "Falso", 
porque não aceita a nossa falsidade com ele e só admite afecto em troca de respeito pela individualidade. 
O gato não gosta de alguém porque precisa gostar para se sentir melhor. 
Ele gosta pelo amor que lhe é próprio, que é dele e ele só o dá se quiser.

O gato devolve ao homem a exacta medida da relação que dele parte. 
Sábio e espelho. O gato é zen. O gato é Tao. 
Ele conhece o segredo da não-acção que não é inacção. 
Nada pede a quem não o quer.


(A.D.)








Ode ao Gato



Os animais foram 
imperfeitos, 
compridos de rabo, tristes 
de cabeça. 
Pouco a pouco se foram 
compondo, 
fazendo-se paisagem, 
adquirindo pintas, graça vôo. 
O gato, 
só o gato apareceu completo 
e orgulhoso: 
nasceu completamente terminado, 
anda sozinho e sabe o que quer.



O homem quer ser peixe e pássaro, 
a serpente quisera ter asas, 
o cachorro é um leão desorientado, 
o engenheiro quer ser poeta, 
a mosca estuda para andorinha, 
o poeta trata de imitar a mosca, 
mas o gato 
quer ser só gato 
e todo gato é gato do bigode ao rabo, 
do pressentimento à ratazana viva, 
da noite até os seus olhos de ouro.



Não há unidade 
como ele, 
não tem 
a lua nem a flor 
tal contextura: 
é uma coisa 
só como o sol ou o topázio, 
e a elástica linha em seu contorno 
firme e sutil é como 
a linha da proa de uma nave. 
Os seus olhos amarelos 
deixaram uma só 
ranhura 
para jogar as moedas da noite .



Oh pequeno imperador sem orbe, 
conquistador sem pátria, 
mínimo tigre de salão, nupcial 
sultão do céu 
das telhas eróticas, 
o vento do amor 
na intempérie 
reclamas 
quando passas 
e pousas 
quatro pés delicados 
no solo, 
cheirando, 
desconfiando 
de todo o terrestre, 
porque tudo 
é imundo 
para o imaculado pé do gato.





Oh fera independente 
da casa, arrogante 
vestígio da noite, 
preguiçoso, ginástico 
e alheio, 
profundíssimo gato, 
polícia secreta 
dos quartos, 
insígnia 
de um 
desaparecido veludo, 
certamente não há 
enigma na tua maneira, 







talvez não sejas mistério, 

todo o mundo sabe de ti e pertences 
ao habitante menos misterioso 
talvez todos acreditem, 
todos se acreditem donos, 
proprietários, tios 
de gato, companheiros, 
colegas, 
discípulos ou amigos do seu gato.
Eu não. 
Eu não subscrevo. 
Eu não conheço o gato.







 
Tudo sei, a vida e o seu arquipélago, 
o mar e a cidade incalculável, 
a botânica 
o gineceu com os seus extravios, 
o pôr e o menos da matemática, 
os funis vulcânicos do mundo, 
a casca irreal do crocodilo, 
a bondade ignorada do bombeiro, 
o atavismo azul do sacerdote, 
mas não posso decifrar um gato. 
Minha razão resvalou na sua indiferença, 
os seus olhos têm números de ouro.





Pablo Neruda




Azar é não ter um!



blackcatHdG

Há toda uma superstição negativa que envolve o nosso amigo felino de pelagem negra. Para alguns, basta apenas um indefeso gatinho preto cruzar seu caminho, que acreditam estar sentenciados ao azar. Essa “história” vem sido trazida desde os tempos da idade média, quando acreditava-se que bruxas se transformavam em gatos pretos, como uma forma de disface, para que pudessem realizar seus atos macabros de feitiçaria e magia negra sem serem capturadas e queimadas pelos inquisidores.
Hoje, em tempos onde já se sabe que a Terra não é o centro do Universo, e já cogita-se até em cura para a AIDS, ainda há pessoas que acreditam que o gatinho preto da vizinha é um enviado do capeta para assolar as vidas das pessoas de bem. É por essa e outras crenças idiotas, que acredito que o mundo está bem longe de ser um lugar de paz e harmonia. O que o pobre gatinho tem a ver com azar?
Como sou uma eterna “maria-junta-gato”, pela minha jornada felina já recolhi muitos gatos de rua, e muitos desses gatos eram pretos. Dá pra ver nesse tipo de coisa o quanto o pessoal é preconceituoso com o bichinho. E quando eu fazia doação de ninhadas encontradas, ou até mesmo de  filhotes das minhas gatas, os filhotinhos pretos sempre eram os últimos à serem adotados por alguém, ou até mesmo, ninguém adotava. Nós ficávamos com eles porque ninguém os queria. Nas clínicas veterinárias e casas agropecuárias que tem espaço pra doação, a maioria são gatinhos pretos. Boa parte dos gatos de rua são pretos.
Deu pra perceber o quanto os gatos pretos são excluídos, não é? Gato preto só dá azar de não ter um! ou de não gostar deles! são animais lindos, que comparo à beleza das raríssimas onças-negras. Principalmente quando bem cuidados, os gatos pretos de pêlo curto, ficam com a pelagem lisa e brilhosa, lembrando cetim preto.
Tive vários gatos pretos, inclusive uma gatinha preta que tinha muita sorte! Ela foi abandonada em minha casa, e nós a adotamos. Depois de uns tempos, ela ficou prenhe e foi atropelada, sobreviveu e ficou com as perninhas quebradas e teve o parto normalmente, todos os filhotes nasceram saudáveis e bonitos. Depois de uns tempos alguém que não gostava muito de gatos pretos, resolveu dar uma pedrada ou uma paulada na cabeça dela para matá-la, mas ela não só sobreviveu, como voltou pra casa pedindo ajuda. Apenas perdeu um olho, mas está super bem de saúde. Ela venceu e sobreviveu à todas essas adversidades, e ainda nos trouxe muita alegria! é pura Sorte!
Tem gente que é devoto de São Francisco, mas não pode ver um gato preto na frente que já acha que o animalzinho é do mau e tem pacto com o capeta. Tem gente que se diz tão bondoso, mas dá veneno pro gatinho preto da vizinha para matá-lo. Outros, compram um gato Persa de mais de mil reais, mas não adotam um gatinho preto, que traria o mesmo amor, alegria e carinho que um gato dá. Para todas essas pessoas, digo: é hora de rever seus conceitos. É esse tipo de preconteito que matou tanta gente, e ainda mata pessoas inocentes todos os dias.